O último dia 11 de dezembro só representou alegria. Não apenas pelo meu aniversário (3/dez), mas principalmente pela grande realização profissional e pessoal que a formatura em jornalismo me proporcionou no final deste ano: a conclusão do livro "Smetak, som e espírito". Depois de pouco mais de um ano de trabalho e intensa dedicação, eis que ele nasceu. O melhor: exatamente como eu pensava. E espero que também tenha saído do jeitinho que cada entrevistado imaginou. Aproveito para agradecer com todo o meu coração àqueles que colocaram sua pedrinha especial no projeto, dando forma a um castelo. Cada dia dedicado valeu a pena, bem como cada página diagramada, cada entrevista, além das horas pesquisando arquivos antigos sobre a história de Smetak. Não tenho dúvida. Agora o foco é buscar editais e apoio para fazer esse sonho virar realidade mesmo! É preciso publicar!
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Video Smetak, Som e Espírito
O vídeo foi apresentado hoje, na banca do livro "Smetak, Som e Espírito". Os convidados Silvana Moura (IRDEB/UNIJORGE), Guilherme Maia (POSCOM/UFBA) e Alberto Oliveira (UNIJORGE) avaliaram o projeto com a nota 10!
A edição foi feita a partir dos documentários "Walter Smetak", de Luiz La Saigne (1976), e "O Alquimista dos Sons", de José Valter Lima (1979).
Agora é só lutar pela publicação!
domingo, 26 de setembro de 2010
Pingos
Não se importunem com a comida, com o trabalho, com o dinheiro, com o amor, com a sabedoria. Tudo tem o seu tempo certo, tudo vem em tempo certo, como vem o nascimento, a morte.
Não se preocupem com estas migalhas que se chamam as necessidades da vida, da morte.
Não se preocupem com a lucidez, com a escuridão.
Não se preocupem com o sono, ou de serem despertados.
E não se preocupem com a sede e a fome.
Não se preocupem com os filhos.
A terra é forte e os alimenta.
Não se preocupem com as mulheres. Elas procuram o amor e nunca faltarão.
Não se preocupem com o dinheiro. Se ele faltar, não se preocupem, ele está no bolso dos outros.
E não se preocupem com os outros, nem se preocupem convosco.
E se conseguirem tudo isto, não se preocupem, sereis felizes.
E não se preocupem com Deus, ele está sempre convosco.
E não se preocupem com o diabo, ele é a chama ardente de Deus.
E não se preocupem com a fogueira. Ela só arde, mas não queima.
E não se preocupem com a fala do povo. Ela só fala de si mesma.
E não se preocupem com a inflação, ela só afirma que o objeto e o sujeito, tem um valor relativo, o VALER NADA.
Não se importunem com o VALER TUDO, expressando o NADA.
Não se preocupem com a dor, ela é um sinal de vida.
Mas preocupem-se se nada doer mais.
É um sinal que estais morto.
Daí por diante, sejam as suas antíteses.
E não se preocupem.
Não preocupem a preocupação, não!
O incerto é a certeza.
Não se preocupem. Se despreocupem.
[Walter Smetak - 1976 - Livro: Caossonância]
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Um pouco de história...
O Alquimista dos Sons. Nascido em Zurique, Suíça, em 13 de fevereiro de 1913, Walter Smetak, o músico suíço-baiano que revolucionou a pesquisa sobre os microtons no Brasil, até hoje mantém viva a sua obra através da memória de um trabalho curioso e instigante sobre o som, o silêncio e o espírito: as plásticas sonoras.
Quando veio para o Brasil, primeiro chegou a Porto Alegre, em 8 de fevereiro de 1937, onde trabalhou nas rádios Farroupilha e Sociedade Gaúcha, em orquestras, além integrar o Trio Schubert e ensinar violoncelo no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Em 1941, mudou para o Rio de Janeiro, quando foi contratado pela Orquestra Sinfônica Brasileira e, em paralelo, atuou nas rádios Nacional, Tupi, Guanabara e Teatro Municipal. Depois morou em São Paulo, onde trabalhou no Teatro Municipal e nas rádios Record, Bandeirantes e Sumaré.
Mas foi em Salvador, na Bahia, que tudo aconteceu. O imaginário de vanguarda que povoava a cidade na época – também exportado para outros estados através do trabalho de músicos como Gilberto Gil e Caetano Veloso – abriu as portas para rupturas com padrões e estereótipos na arte. A convite do então reitor Edgard Santos, grandes músicos europeus foram selecionados especialmente para compor o quadro docente dos Seminários Livres de Música, futura Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Entre eles estavam Hans-Joachim Koellreutter, Ernst Widmer e Walter Smetak, que chegou em 1958 como professor de violoncelo e também spalla da orquestra. Apesar de guardar no currículo uma formação musical tradicional obtida em escolas europeias de referência, Smetak abandonou a música erudita e direcionou seu trabalho para o experimentalismo.
Nesse contexto de fertilidade cultural, Smetak passou a explorar o potencial sonoro dos materiais mais inusitados, construindo instrumentos a partir de cabaças, mangueiras, cordas, cravelhas, pedaços de madeira e o que mais conviesse.
Até lá!
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Entrevistas em São Paulo rendem informações preciosas sobre Walter Smetak
Entre os dias 2 e 5 deste mês estive em São Paulo entrevistando alguns amigos de Walter Smetak. Além de compilar novas informações, o objetivo também foi conhecer essas pessoas que conviveram muito próximas dele, e sentir esse mundo de perto. Os resultados não poderiam ter sido melhores e as informações foram maravilhosas.
Logo na quinta-feira à tarde me encontrei com o grande artista plástico italiano Eduardo Catinari. Na sua própria residência, no bairro do Sumaré, calorosamente fui recebida por um homem de alma e coração nobres. Durante a entrevista, conversas sobre espiritualidade, esoterismo, disco voadores, além da recordação de diversos momentos de companheirismo divididos entre ele e Walter Smetak. Também tive acesso às cartas que ambos trocavam, fotos e diversas informações valiosas. A impressão que ficou foi de uma relação pura e de irmandade. Ainda estendemos nossa conversa na padaria Real, logo na esquina da Rua Alfonso Bovero, com um cafezinho e um bate-papo muito agradável.
Na sexta-feira, mais dois encontros. Primeiro visitei a residência de Wilson Sukorski, em Vila Mariana. Na sala, instrumentos criados por ele próprio pendurados na parede e apoiados no chão. Os sons remeteram aos que podem semelhantemente ser obtidos pelas criações de Smetak. Até ousei tocar o Totem Baixo, um instrumento de madeira, cordas e molas de aproximadamente dois metros de altura. Durante a entrevista, Sukorski relembrou sua estadia na Bahia e os dias que dedicou ao aprendizado com Walter Smetak tanto em sua residência quanto no atelier da Escola de Música da UFBA.
Detalhes sobre as informações que consegui? Essas ficam para o livro.
Logo na quinta-feira à tarde me encontrei com o grande artista plástico italiano Eduardo Catinari. Na sua própria residência, no bairro do Sumaré, calorosamente fui recebida por um homem de alma e coração nobres. Durante a entrevista, conversas sobre espiritualidade, esoterismo, disco voadores, além da recordação de diversos momentos de companheirismo divididos entre ele e Walter Smetak. Também tive acesso às cartas que ambos trocavam, fotos e diversas informações valiosas. A impressão que ficou foi de uma relação pura e de irmandade. Ainda estendemos nossa conversa na padaria Real, logo na esquina da Rua Alfonso Bovero, com um cafezinho e um bate-papo muito agradável.
Na sexta-feira, mais dois encontros. Primeiro visitei a residência de Wilson Sukorski, em Vila Mariana. Na sala, instrumentos criados por ele próprio pendurados na parede e apoiados no chão. Os sons remeteram aos que podem semelhantemente ser obtidos pelas criações de Smetak. Até ousei tocar o Totem Baixo, um instrumento de madeira, cordas e molas de aproximadamente dois metros de altura. Durante a entrevista, Sukorski relembrou sua estadia na Bahia e os dias que dedicou ao aprendizado com Walter Smetak tanto em sua residência quanto no atelier da Escola de Música da UFBA.
Saí da Vila Mariana e retornei ao Sumaré para uma conversa com Thomas Gruetzmacher, mas antes me encontrei novamente com Catinari para pegar emprestadas algumas cartas e fotografias que ele havia guardado da época em que Smetak era vivo. Já na casa de Thomas, também considerado um "filho de Smetak" pela afinidade que tiveram durante os anos que conviveram na Escola de Música, uma aula sobre escala temperada e sobre as divisões dos microtons foi dada no teclado dele. Também falamos sobre a "nova música" e o "novo mental", dois termos que conjugados refletem toda a intenção da obra do Alquimista dos Sons. Aproveitei para tirar uma cópia de gravações inéditas que ele guardava, além de digitalizar o material cedido por Eduardo Catinari.
Detalhes sobre as informações que consegui? Essas ficam para o livro.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Walter Smetak: O Alquimista dos Sons
Aí está uma ótima dica de leitura para quem deseja conhecer um pouco mais sobre as plásticas sonoras de Walter Smetak. O livro "Walter Smetak: O Alquimista dos Sons", de Marco Scarassatti, traz informações que vão da sua chegada ao Brasil até reflexões sobre os microtons e o procedimento criativo do músico suíço.
Ficha técnica:
Livro: Walter Smetak: O Alquimista dos Sons
Autor: Marco Scarassatti
Selo/Editora: Perspectiva
Número de catálogo/ISBN: 978-85-273-0840-3
Ano: 2008
Número de páginas: 151
domingo, 29 de agosto de 2010
Entre música e artes plásticas: as experiências de Walter Smetak na Bahia de Todos os Santos
Durante a pesquisa sobre Walter Smetak, me deparei com um trabalho acadêmico muito interessante. Escrito por Paula Silveira de Paoli, o projeto traz informações sobre o início da carreira do Alquimista dos Sons, sobre o cenário Avant-garde na Bahia e as mais diversas características e influências da sua obra. Para quem está interessado numa leitura mais extensa sobre a trajetória das plásticas sonoras de Walter Smetak, está aí uma dica!
Entre música e artes plásticas: as experiências de Walter Smetak na Bahia de Todos os Santos
Paula Silveira De Paoli
Arquiteta pelo Istituto Universitario di Architettura di Venezia
Mestre e Doutoranda em Urbanismo pelo PROURB / FAU / UFRJ
Técnica em História da Arte do IPHAN (Bahia)
Resumo
Entre música e artes plásticas: as experiências de Walter Smetak na Bahia de Todos os Santos
Paula Silveira De Paoli
Arquiteta pelo Istituto Universitario di Architettura di Venezia
Mestre e Doutoranda em Urbanismo pelo PROURB / FAU / UFRJ
Técnica em História da Arte do IPHAN (Bahia)
Resumo
Um dos personagens mais instigantes da cena cultural baiana nas décadas de 1960-70 foi Walter Smetak (1913-1984). Suíço, naturalizado brasileiro em 1968, Smetak veio para a Bahia em 1957, a convite de Hans Joachim Koellreutter, para lecionar nos Seminários Livres de Música da Universidade da Bahia. A mudança para a Bahia e o contato com o cenário cultural de vanguarda que ali se delineava constituíram uma virada na carreira de Smetak, pois é neste momento que sua obra distancia-se definitivamente da “grande tradição” européia na qual fora formado, para assumir a feição de experiência musical de vanguarda. Na Bahia, Smetak construiu uma obra extremamente peculiar, que conjugava a composição de música erudita de vanguarda, baseada no improviso e nas sonoridades indianas dos microtons, com a construção de instrumentos musicais experimentais, que apresentam uma hibridação com o campo das artes plásticas, numa criação multidisciplinar. A idéia de que “um mundo novo requer uma música nova, e para isso, instrumentos musicais diferentes”, permite colocar suas experiências no âmago do Movimento Moderno. Para Smetak, a busca de novas sonoridades, que caracteriza a música de vanguarda, seria a porta para um novo mundo, a ser construído através da educação das mentes para uma nova estética. LEIA MAIS
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Visita à mapoteca da Escola de Música
Após alguns minutos de conversa com Lucy no Memorial Lindemberg Cardoso, na última terça-feira (24), visitei a sala ao lado: a mapoteca da Escola de Música. Era possível sentir o cheiro de mofo passos antes da porta – arquivos tinham sido abertos para organização, catalogação e digitalização de tudo que havia sido guardado ao longo de parte da história da Escola. Uma mesa estava tomada de papéis amarelados de partituras. As composições iam das de alunos e professores da Escola até reproduções de músicos mundialmente apreciados como Mozart.
Ainda não haviam chegado à gaveta que abrigava alguma parte do trabalho de Walter Smetak. Ela fica na última das fileiras, no andar mais alto. Precisei de um banquinho para alcançá-la e ainda assim foi difícil puxar a pasta empoeirada - e um pouco suja de ferrugem dos grampos oxidados que prendiam as folhas – do fundo da gaveta. Com a pasta em mãos, me deparei com algumas de suas composições mais famosas, como Vir a Ser e Planicotó, além de desenhos geométricos, simétricos, que não ousei interpretar. Foi emocionante tocar aquelas folhas de papel. Em minhas mãos, composições originais do meu avô, criadas e tocadas por ele, anos antes de eu nascer.
Ainda não haviam chegado à gaveta que abrigava alguma parte do trabalho de Walter Smetak. Ela fica na última das fileiras, no andar mais alto. Precisei de um banquinho para alcançá-la e ainda assim foi difícil puxar a pasta empoeirada - e um pouco suja de ferrugem dos grampos oxidados que prendiam as folhas – do fundo da gaveta. Com a pasta em mãos, me deparei com algumas de suas composições mais famosas, como Vir a Ser e Planicotó, além de desenhos geométricos, simétricos, que não ousei interpretar. Foi emocionante tocar aquelas folhas de papel. Em minhas mãos, composições originais do meu avô, criadas e tocadas por ele, anos antes de eu nascer.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
O blog “O Alquimista dos Sons” está no ar!
O espaço está aberto para o compartilhamento de informações sobre Walter Smetak e suas plásticas sonoras. Através desta página, vocês terão acesso ao passo-a-passo da elaboração do livro-reportagem-biográfico que estou escrevendo neste semestre, além de terem total liberdade para interagir com o conteúdo do blog. Será um imenso prazer publicar seu conteúdo!
O primeiro post é um documento (acredito que inédito) que consegui nos arquivos do Memorial Lindemberg Cardoso, mantido em um prédio anexo da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, no bairro do Canela. Quem carinhosamente me recebeu foi Lucy, viúva de Lindemberg, e, dentre os inúmeros documentos cuidadosamente preservados por ela, encontramos o currículo de Walter Smetak, provavelmente datilografado por Ernst Widmer no ano de 1972.
Aproveitei a visita para também conferir a mapoteca. Partituras e manuscritos de antigos alunos - dentre eles Kokron e Marco Antônio Guimarães (UAKTI) - habitavam os arquivos da sala. Tive a oportunidade de também encontrar materiais de Smetak. Mas esses ficam para o próximo post!
Até lá, tudo de bom!
Jessica Smetak
O primeiro post é um documento (acredito que inédito) que consegui nos arquivos do Memorial Lindemberg Cardoso, mantido em um prédio anexo da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, no bairro do Canela. Quem carinhosamente me recebeu foi Lucy, viúva de Lindemberg, e, dentre os inúmeros documentos cuidadosamente preservados por ela, encontramos o currículo de Walter Smetak, provavelmente datilografado por Ernst Widmer no ano de 1972.
Aproveitei a visita para também conferir a mapoteca. Partituras e manuscritos de antigos alunos - dentre eles Kokron e Marco Antônio Guimarães (UAKTI) - habitavam os arquivos da sala. Tive a oportunidade de também encontrar materiais de Smetak. Mas esses ficam para o próximo post!
Até lá, tudo de bom!
Jessica Smetak
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