Não se importunem com a comida, com o trabalho, com o dinheiro, com o amor, com a sabedoria. Tudo tem o seu tempo certo, tudo vem em tempo certo, como vem o nascimento, a morte.
Não se preocupem com estas migalhas que se chamam as necessidades da vida, da morte.
Não se preocupem com a lucidez, com a escuridão.
Não se preocupem com o sono, ou de serem despertados.
E não se preocupem com a sede e a fome.
Não se preocupem com os filhos.
A terra é forte e os alimenta.
Não se preocupem com as mulheres. Elas procuram o amor e nunca faltarão.
Não se preocupem com o dinheiro. Se ele faltar, não se preocupem, ele está no bolso dos outros.
E não se preocupem com os outros, nem se preocupem convosco.
E se conseguirem tudo isto, não se preocupem, sereis felizes.
E não se preocupem com Deus, ele está sempre convosco.
E não se preocupem com o diabo, ele é a chama ardente de Deus.
E não se preocupem com a fogueira. Ela só arde, mas não queima.
E não se preocupem com a fala do povo. Ela só fala de si mesma.
E não se preocupem com a inflação, ela só afirma que o objeto e o sujeito, tem um valor relativo, o VALER NADA.
Não se importunem com o VALER TUDO, expressando o NADA.
Não se preocupem com a dor, ela é um sinal de vida.
Mas preocupem-se se nada doer mais.
É um sinal que estais morto.
Daí por diante, sejam as suas antíteses.
E não se preocupem.
Não preocupem a preocupação, não!
O incerto é a certeza.
Não se preocupem. Se despreocupem.
[Walter Smetak - 1976 - Livro: Caossonância]